Reinaldo Braga
Em 2011 as atenções dos brasileiros estiveram voltadas para os movimentos de combate à corrupção. O povo ficou atônito com tanto escândalo criado nos bastidores dos poderes, que levaram a muitas trocas de ministros, ameaças de desequilíbrio na base de sustentação do governo, aumento da desconfiança dos brasileiros nas suas instituições. O mais lamentável de tudo isso, é que o tema é velho, e os movimentos que agora o alardeiam são repetições de tantos momentos deploráveis que permeiam a história da nossa jovem e ainda muito imatura república.
Não é exagero afirmar que, onde há humanos, haverá sempre corrupção. Em todas as culturas, por todos os tempos, a história se refere a episódios de usura, malversação de recursos públicos, apropriação indevida de bens, exploração de minorias, enfim, toda a gama de comportamentos que desaguam na corrupção dos valores, pela falta de respeito ao outro e desprezo às normas saudáveis de administração pública que deveria lastrear os governos democráticos.
A praga que ainda hoje nos assombra, já não era novidade nos primórdios do século XX. A degeneração dos valores morais foi apontada em 1914 pelo memorável escritor, jornalista e político baiano Rui Barbosa, em texto frequentemente lembrado quando se examina a deterioração do tecido social brasileiro:
“ De tanto ver triunfar as nulidades, de tanto ver prosperar a desonra, de tanto ver crescer a injustiça, de tanto ver agigantarem-se os poderes nas mãos dos maus, o homem chega a desanimar da virtude, a rir-se da honra, a ter vergonha de ser honesto “. Ministros caindo em profusão, ‘bandidos escondidos atrás de togas’, parlamentares presos, primeiras damas comprando uísque e ração de cachorro com dinheiro público – a corrupção afeta indiscriminadamente os três poderes, fere o orgulho da nossa gente, compromete o aprimoramento da nossa sociedade. Na origem de tudo, está a persistência da nossa baixa capacidade de fiscalização dos atos dos homens públicos.
O aperfeiçoamento da administração pública é a nossa missão, e procuramos desempenhá-la em respeito aos anseios da sociedade e com o apoio da imprensa livre, afinal, como bem disse o ilustre baiano Rui Barbosa, “A imprensa é a vista da nação. Por ela é que a nação acompanha o que lhe passa ao perto e ao longe, enxerga o que lhe malfazem, devassa o que lhe ocultam e tramam, colhe o que lhe sonegam, ou roubam, percebe onde lhe alvejam, ou nodoam, mede o que lhe cerceiam, ou destroem, vela pelo que lhe interessa, e se acautela do que ameaça” .
* Reinaldo Braga é deputado estadual, líder da oposição na Assembleia Legislativa da Bahia.
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