Governadores em ascensão política e oligarquias em declínio adotaram táticas semelhantes para tentar manter o poder nos Estados e lançaram candidatos “postes” para a disputa de outubro. Inspirados no sucesso do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que promoveu as estréias nas urnas dos então ministros Dilma Rousseff, em 2010, e Fernando Haddad, em 2012, os caciques estaduais recorreram a nomes de perfil mais técnico que político e agora correm para jogar holofotes sobre os escolhidos. Nos últimos dias, governadores do Nordeste apresentaram como seus candidatos secretários fiéis de suas gestões. Em Pernambuco, Eduardo Campos (PSB) lançou Paulo Câmara (Fazenda). No Maranhão, Roseana Sarney (PMDB) tenta emplacar Luis Fernando Silva (Infraestrutura), o escolhido de seu pai, o senador José Sarney (PMDB-AP). Jaques Wagner (PT) fez valer sua vontade na Bahia e lançou Rui Costa (Casa Civil), contra a vontade de petistas históricos. No Ceará, Cid Gomes (PROS) quer indicar José Albuquerque, que preside a Assembleia Legislativa e pode furar a fila formada por senadores e deputados influentes. Todos os escolhidos são aliados de longa data dos líderes estaduais. Rui Costa acompanha Jaques Wagner desde o tempo de sindicalismo em Camaçari. Paulo Câmara começou a militar na política com Eduardo Campos. Luis Fernando Silva, economista e auditor do Estado, foi secretário estadual oito vezes, em cinco gestões, e é próximo de Roseana e do marido dela, Jorge Murad. José Albuquerque está com Cid desde os anos 1990, quando o hoje governador era deputado estadual.
Nem todos aceitam a definição de poste. Costa lembra ter sido o terceiro deputado federal mais votado na Bahia em 2010, embora a proximidade com Wagner tenha pesado mais que o desempenho nas urnas para superar no PT a concorrência do senador Walter Pinheiro ou do ex-presidente da Petrobrás José Sergio Gabrielli.
Passar à frente de nomes de destaque na política local também é o desafio de Cid Gomes para emplacar Albuquerque. O governador levou o deputado estadual a mais de 50 eventos nos últimos seis meses e tem apoiado bandeiras empunhadas pelo presidente da Assembleia, como uma campanha para cobrar da Petrobrás a implantação de uma refinaria.
Num dos eventos em que Albuquerque acompanhava Cid, o governador deu um mergulho para desentupir uma adutora em Itapipoca, cidade que estava sem água. Na ocasião, Cid anunciou um bônus de R$ 200 para cada morador prejudicado pelo problema. Por essa ação, os dois respondem na Justiça Eleitoral por propaganda antecipada.
Fonte: R7
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