Newton Sobral Jornalista
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Luiz Inácio é, sem dúvida, o presidente mais poupado pelos chamados partidos de oposição em toda a história da República.
É evidente, portanto, que ele tinha por objetivo o controle da imprensa quando propôs, em dramático pronunciamento, a criação de “um organismo muito forte, juntando todas essas forças que nos apoiam, para que nunca mais a gente possa permitir que um presidente sofra o que eu sofri”.
Pergunta-se: qual sofrimento o acometeu nestes oito anos? Nunca antes as oposições políticas foram tão incompetentes no exercício da função básica de fiscalizar e criticar o governo como atualmente. Um dos exemplos mais flagrantes ocorreu no episódio do mensalão, quando poderiam ter encaminhado um pedido de impeachment ao Congresso e não o fizeram. Esperavam que ele se desgastasse ao sabor do escândalo.
Na verdade, a imprensa é que tem agido como oposição. Uma oposição com base na denúncia jornalística. No poder, os petistas enveredaram pela corrupção com tal voracidade que não restou alternativa à mídia senão mostrá-la com a ênfase merecida. Do mensalão à recente “bolsa-família” de Erenice Guerra na Casa Civil, não faltaram escândalos a manchar a imagem do governo.
Lula, por certo, gostaria que escondêssemos essa realidade. Daí seu “sofrimento”.
O ministro Franklin Martins, por sua vez, não se cansa de maquinar um meio capaz de controlar a mídia e, coincidentemente, não é desestimulado pelo presidente. Agora mesmo, percorre a Europa à procura de subsídios para uma nova iniciativa com esse objetivo. Acho que está no lugar errado.
Na Venezuela ou em Cuba, seria, por certo, mais adequadamente servido.
Na hipótese de Dilma Rousseff ser eleita, essa ameaça ganhará substancial reforço.
No primeiro turno, com sua participação escancarada no processo eleitoral, Lula conseguiu uma ampla maioria nas duas Casas do Congresso. Com Dilma na Presidência, terá, por conseguinte, as condições ideais à aprovação de iniciativa capaz de finalmente domar a imprensa. Estará, assim, encerrado o seu “sofrimento”.
Transcrito do Jornal ATARDE- Edição de 22/10/2010
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