Irecê perde título de “capital do feijão” e aposta em outras culturas

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Por: Thais Rocha, do A TARDE

Na época, o feijão era moeda forte na cidade. “Com 100 sacas, eu conseguia comprar um trator, hoje seria necessário, pelo menos, duas mil sacas”, compara. O ex-produtor conta que arrendou suas terras e há dez anos sua família vive do comércio de confecções. “Fazenda, hoje, pra mim é só lazer, não é meio de ganhar dinheiro”, conta.

A última grande safra de feijão em Irecê foi em 2000, quando a produção foi de 5 milhões de toneladas do produto. Hoje, na cidade, outras culturas avançam com melhor tecnologia e assistência técnica, como a produção de pinha para exportação, milho e cenoura irrigada.

A pinha, por exemplo, é uma fruta nativa da região, mas a sua cultura prosperou através da assistência técnica e melhoramento genético. “Fizemos um trabalho de seleção de mudas e de polinização artificial que elevaram a qualidade da pinha para o padrão de exportação”, comenta o gerente da EBDA.

Estados – Sócio de uma ensacadora de feijão em Feira de Santana, Alberto Santos comenta que há outras regiões que aumentaram a produtividade após a queda de Irecê, como o nordeste e o oeste do Estado. Ainda assim, a empresa precisa trazer o produto de outros estados como Minas Gerais, Paraná e Goiás.

“Desde 2000 a produção de Irecê praticamente deixou de existir se comparada ao que significava em anos anteriores. Mas a Bahia perdeu com Irecê e ganhou com outras regiões”, disse, destacando a produtividade do oeste, onde a cultura tecnificada tem um ótimo desempenho.

O corretor e consultor na área de cereais Alberto Luiz Pensin comenta que o oeste do Estado tem potencial para, a médio prazo, substituir a importância de Irecê no cultivo do feijão. “O alto preço do produto tem elevado a área plantada em detrimento da cultura do algodão e a produção regional já atinge as 400 mil toneladas”, disse.

Ele explica, porém, que o feijão é uma cultura rápida e uma boa opção para o consórcio com outras culturas na entressafra. “Na cultura irrigada, como aqui em Barreiras, o feijão pode ser colhido em um prazo de 75 a 90 dias, enquanto a soja e o algodão são culturas de seis meses. Além disso, o feijão está sendo negociado a um preço excelente ao produtor”, explica Alberto Pensin.

Apesar da alta produtividade, porém, Barreiras não representa a maior área plantada para o feijão na Bahia. O município de Euclides da Cunha vem se destacando na economia do Estado pelas grandes áreas de feijão. Apesar da produção de sequeiro, a região colheu, em 2009, 700 mil toneladas de feijão.

“O feijão tem modificado a economia desta região. Quando chegamos aqui, há dez anos, cerca de 90% dos produtores vinham da agricultura familiar, hoje este percentual reduziu para 70%. Estamos vendo o crescimento dos pequenos através do feijão”, comemora o produtor e vendedor do produto, José Calazans Filho.

 

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