Ismael, o voto é secreto!

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Por: João de Tidinha

Nesse último final de semana eu estava na Churrascaria da Carminha, na Praça da Igreja, sentado com o Ismael e o meu amigo Ivo, quando lá chegou o outro amigo meu, aquele que vive repetindo que quer a feira dele de volta; que não sabe se é do bem ou do mal; e que já disse que só vai votar nessa eleição para deputado estadual em filhos da terra. Lembram?

Pois é! Ele sentou-se à mesa conosco e foi logo perguntando:

– Ismael em quem você vai votar?

– Como assim, em quem eu vou votar! Você não sabe que o voto é secreto? Respondeu-lhe Ismael.

– Eu sei meu caro, mas essa regra foi feita para proteger o eleitor dos “coronéis” quando o voto era aberto. Hoje você pode dizer em quem vai votar, por vontade própria, sem o risco de anular seu voto. Se não fosse assim como poderia haveria pesquisa de opinião, entende?

Ismael surpreso, pois parecia não se lembrar da época dos “coronéis”, respondeu:

– Entendo, entendo. Continue ….

O meu amigo então continuou a falar:

– Então, como o voto não era secreto, os “coronéis” é que decidiam em quem as pessoas deveriam votar, utilizando os seus capangas. Imagine só! Esses capangas ameaçavam os eleitores se não obedecessem. Foi o tempo do famoso “voto de cabresto”. Os “coronéis” também utilizavam outros meios para conseguir seus objetivos políticos, tais como compra de voto, votos fantasmas, troca de favores, fraudes eleitorais e até violência. Aqui em Euclides da Cunha, você não deve se lembrar, mas houve uma grande confusão em relação ao resultado das eleição para prefeito em 1987, quando o José Nunes disputou com o Seu Nozinho (Gasolina X Bujão). Rapaz, ainda bem  que a televisão, o povo mais esclarecido e as novas regras eleitorais fizeram isso mudar. Agora o povo tem mais liberdade, e só declara em quem votou ou vai votar se quiser. Então, porque você não quer me dizer em quem vai votar? – Não vou contar para ninguém não. Pode confiar! Insistiu ele.

Conhecendo meu amigo e sabendo que ele não desistiria de ter a resposta, Ismael então lhe disse:

– Olha o meu voto vai ser definido a partir do princípio da renovação. Sendo assim, para Governador vou votar no Geddel Vieira Lima do PMDB, pois Paulo Souto já teve sua oportunidade e o Wagner também.

E para Deputado? Perguntou meu amigo.

– Também para deputado vou definir meu voto pelo principio da renovação, prestigiando, contudo os candidatos filhos da terra. Para deputado estadual vou votar no Cláudio Lima, do PCdoB, um político que tem se mostrado sério e competente à frente do seu mandato como vereador. Já para deputado federal ainda estou em dúvida se voto no Lúcio Vieira Lima do PMDB ou no Josué Augusto da Silva do DEM, que além de ser um filho da terra iniciante na política, portanto sem os vícios dos antigos políticos, é também uma pessoa muito querida. Respondeu Ismael.

Após revelar suas intenções de voto para o meu insistente amigo, Ismael perguntou-lhe:

– Satisfeito? E você, em quem vai votar?

Nesse instante, meu amigo levantou-se da cadeira e antes de ir embora, disse sorrindo:

– Ismael, o voto é secreto! 

Ficamos todos surpresos, calados por algum instante, sem nada entender …

E agora eu estou aqui, relatando para vocês essa conversa, rezando para que o Ismael não se zangue comigo, pois afinal a sua intenção de voto foi revelada, graças a mim. Bem que uma vez me disseram – “cala a boca João”.

 

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