Lula contraria o que disse durante a campanha e agora admite possibilidade de disputar reeleição em 2026

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Em 2022, antes do pleito de outubro, Lula foi enfático ao afirmar que não tentaria outra eleição se vencesse Jair Bolsonaro

Por Karolini Bandeira — Brasília

02/02/2023 20h24  Atualizado 03/02/2023

Exato um mês após assumir a Presidência, Luiz Inácio Lula da Silva admitiu nesta quinta-feira existir possibilidade de concorrer à reeleição em 2026, a depender da “situação do país”. Em 2022, antes do pleito de outubro, Lula afirmou que não tentaria outra eleição se vencesse Jair Bolsonaro – “se eleito, serei presidente de um mandato só”, disse na época.

O presidente considera a hipótese de lançar candidatura em 2026 sob duas condições: saúde e cenário do Brasil.

– Se chegar no momento, estiver uma situação delicada e eu estiver com saúde, eu posso [concorrer] – sinalizou Lula em entrevista ao colunista Kennedy Alencar. E brincou: – Mas com saúde perfeita, energia de 40 e tesão de 30.

Em setembro do ano passado, durante ato de campanha em que recebeu o apoio de tucanos, ele anunciou, de forma enfática, que não disputaria um novo mandato. “Todo mundo sabe que não é possível um cidadão com 81 anos querer a reeleição. A natureza é implacável”, enfatizou Lula, de 76 anos, na ocasião.

O presidente completou 77 anos em outubro, e terá 81 anos em 2026. Ele já pensa em nomes alternativos para um futuro pleito, e elencou alguns aliados: Rui Costa, Camilo Santana, Flávio Dino e Renan Filho.

—Temos o Rui Costa (ministro da Casa Civil, do PT), nós temos o Wellington (Dias, ministro do Desenvolvimento Social, do PT), nós temos o Camilo (Santana, ministro da Educação, do PT), nós temos Flávio Dino (ministro da Justiça, do PSB), nós temos o Renanzinho (Renan Filho, ministro dos Transportes, do MDB) — afirmou Lula, durante a entrevista.

No mês passado, Rui Costa já havia afirmado considerar a possibilidade de Lula tentar a reeleição.

— Vocês estão partindo de um fato consumado de que o Lula não irá disputar a eleição (…). Eu não parto desse fato consumado —afirmou o ministro, um dos mais fiéis aliados do presidente, em entrevista ao Roda Viva.

Em seguida, ao ser cobrado sobre a promessa de Lula de não voltar a concorrer a um mandato, Costa reafirmou a possibilidade de o petista não deixar o poder em 2026:

— Lula falou de coração considerando a sua trajetória e a volta dele pra consolidar a democracia. Mas, se tudo der certo, faremos um governo exitoso. E se Lula continuar com energia e o tesão de 20 anos, quem sabe ele faça um novo mandato.

Embora não tenha sido citado por Lula ontem, o nome considerado natural no PT para a sucessão é o de Fernando Haddad, que disputou a eleição presidencial de 2018 pelo partido, quando Lula estava preso. Haddad foi escalado para um posto de destaque no governo, o Ministério da Fazenda, que funcionará com o um testo para sua pretensão eleitoral.

O vice-presidente Geraldo Alckmin, também cotado, foi outro que ficou de fora da lista de Lula. A escalação do ex-tucano para coordenar a equipe de transição do governo provocou incômodo no PT, que teme justamente a projeção de Alckmin.

O mesmo ocorreu em relação à ex-senadora Simone Tebet (MDB-MS), que queria assumir o Ministério do Desenvolvimento Social , responsável pelo Bolsa Família. Por pressão do PT, Tebet acabou nomeada para o Ministério do Planejamento. O Ministério do Desenvolvimento Social, de forte apelo eleitoral, foi ocupado pelo senador eleito Wellington Dias (PT-PI). Tebet disputou a eleição presidencial do ano passado e terminou em terceiro lugar. Seu apoio a Lula no segundo turno foi considerado fundamental para a vitória do petista.

Questionado sobre a relação do Palácio do Planalto com o Congresso, Lula afirmou durante a entrevista que vai buscar o apoio dos presidentes de Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), e da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), para que haja governabilidade e aprovação de projetos. Também disse não temer que Lira tenha a mesma posição que a do ex-presidente da Casa, Eduardo Cunha, ao conduzir o processo de impeachment contra a presidente Dilma Rousseff.

— O Congresso Nacional precisa menos do governo, que o governo do Congresso — afirmou.

Lula defendeu ainda que o ex-presidente Jair Bolsonaro seja julgado por sua atuação durante a pandemia de Covid-19 e no caso das mortes de indígenas ianomamis.

FONTE: O GLOBO

 

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