Líder do Cidadania fala em ‘derrubada’ do veto
Por Renan Monteiro — Brasília
O veto do presidente Luiz Inácio Lula da Silva a um trecho do Marco das Garantias contrariou a posição do Ministério da Fazenda de sancionar integralmente a lei que busca reduzir o custo de crédito no país.
O texto previa que seria possível a tomada de veículos sem autorização da Justiça, por meio de mandados extrajudiciais. Ao argumentar o veto, o presidente alegou que o trecho poderia criar risco a direitos e garantias individuais.
Nesta manhã, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, comentou que o veto à possibilidade de apreensão de veículos sem o aval da Justiça foi motivado pelo receio de possíveis “abusos” com essa autorização.
Quem recomentou a decisão de Lula foi o Ministério da Justiça e Segurança Pública, comandado por Flávio Dino.
No Congresso, já se fala em derrubada do veto. O líder do Cidadania na Câmara, Alex Manente (Cidadania-SP), discorda do posicionamento utilizado pelo governo e diz que o trecho vetado tinha o efeito de simplificar a execução extrajudicial de dívidas que tenham como garantia veículos.
— Derrubar o veto vai desburocratizar a apreensão de veículos de devedores. Essas medidas propostas pelo Congresso Nacional buscam diminuir a prática dos golpes, por meio do qual veículos são financiados e depois revendidos sem que haja qualquer pagamento do financiamento — declarou o líder.
A nova lei foi aprovada com a perspectiva de facilitar a execução de dívidas por bancos e outros credores em caso de inadimplência. O trecho vetado vinha nesta linha, ao dispensar a necessidade de ordem judicial para a apreensão de bens móveis (veículos) financiados. Uma das justificativas utilizadas foi “desafogar” o judiciário no julgamento desses casos.
— (O veto) foi recomendado por outro ministério — disse Haddad ao ser questionado nesta manhã. — Ele, por outro lado, declara que a decisão não prejudica a nova lei e cita que no escopo geral, o trâmite judicial continua sendo necessário só em caso de imissão na posse, que é uma ação para proteger o direito de determinada pessoa que fez aquisição mas ainda não tem a posse efetiva do bem.
Além de facilitar os processos extrajudiciais, a lei tem como efeito prático flexibilizar o uso de imóveis como garantias de empréstimos.
Até então, um imóvel poderia ser usado como garantia apenas em um empréstimo. Com a nova lei, será permitido usar a mesma propriedade como garantia em mais de um financiamento, até esgotar seu valor total.
As mudanças, segundo o governo, ajudarão a reduzir o custo de crédito ao consumidor. Isso porque será mais fácil para bancos e instituições executarem dívidas em caso de inadimplência. Na prática, reduz o risco do credor e, portanto, o custo do empréstimo.
FONTE: O GLOBO
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