Morrer de amor.

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Conhecemos-nos todos ainda crianças e as nossas famílias tinham laços fortes. Teago o velho e confiável advogado, além de cuidar das questões da família, levou-me à pia batismal. Meu tio Delço, esposou sua filha Maria Adália. O respeitável advogado Tiago Jr. que sucedeu ao pai nas atividades profissionais, é nosso amigo desde criança quando ainda o chamávamos de Tatá.

Maria José, penúltima filha do casal Teago/Adália era uma das moças mais bonitas da cidade. Recatada, educada dentro de sólidos princípios religiosos, penso que teve apenas um namorado de adolescência; seu vizinho José Carlos Felix de Carvalho que veio de Antas aos oito anos de idade. Maria José, a Zezé e José Carlos, o Carlinhos de Zé de Bia casaram-se, constituíram família e trouxeram ao mundo duas meninas: Priscila e Camila.

O longo tempo em que fiquei distante de Euclides da Cunha fez com que eu perdesse grande parte da história dos meus contemporâneos. Sei, entretanto, que Zé Carlos, aquele menino alegre, gentil e brincalhão, transformou-se, sem perder as características da adolescência, num próspero empresário na área de combustíveis e lubrificantes. Zezé graduou-se em pedagogia e fez uma bela carreira como educadora. Foi professora, Delegada Escolar, Secretária Municipal de Educação… exercendo todos esses cargos sem negar a genética.

Dia 29 de novembro de 2007, uma quinta feira, o coração de Zé Carlos parou de bater aos sessenta anos de idade. Embora internado para tratamento cardiológico, seu precoce desaparecimento foi um susto para todos e uma enorme comoção até para aqueles que como eu, estava distante. Zé Carlos é uma pessoa difícil de ser esquecida.

Há cerca de seis meses estive com Zezé no seu estabelecimento comercial. Ela com a força e a coragem que é peculiar à família Carvalho, assumira os negócios de Zé Carlos. Conversamos ligeiramente e falamos a respeito de meu Padrinho Teago, sobre quem eu acabara de fazer uma crônica. Senti ali, uma mulher determinada, porém triste. Voltei a vê-la há cerca de uma semana e, mesmo à distância, percebi que ela não estava apenas triste. Parecia triste, abatida, cansada…

Ontem pela manhã, coincidentemente dois anos e um dia após a morte de Zé Carlos, aos cinquenta e sete anos de idade, o coração de Zezé parou de bater. Ela morreu em casa nos braços da família e absolutamente em paz.

Penso eu, com o pouco que sei da convivência do casal, baseado apenas no que me lembro de Zezé e Zé Carlos, que ela provavelmente morreu de amor.

Repetindo as emocionadas palavras de Tiago Jr. Na despedida da irmã querida: “Hoje à noite, olhem para o céu e lembrem-se dela. Vocês verão uma nova estrela a brilhar. Tenham certeza; é ela!”

Autor: Celso Mathias
Matéria Transcrita do revistavidabrasil.com.br

 

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