Em 40 minutos de entrevista ao Jornal Nacional na noite desta quinta-feira, o ex-presidente Lula (PT) se apresentou em tom conciliador mirando uma ampliação de seu eleitorado, citando diversas vezes o vice Geraldo Alckmin (PSB), e terceirizou erros ao ser questionado sobre corrupção e crise econômica nos governos petistas. Sobre o primeiro tema, confrontado com a admissão dos esquemas na Petrobras por parte de delatores, Lula respondeu que “você não pode dizer que não houve corrupção se as pessoas confessaram”, mas emendou o raciocínio com uma crítica às delações na Lava-Jato, acusando a força-tarefa de “premiá-las” por “falar o que o Ministério Público queria”.
Já a respeito dos erros econômicos do partido, ele apontou apenas “equívocos” na gestão de Dilma Rousseff, como na condução dos preços dos combustíveis. Embora tenha exaltado atitudes de seu governo no combate à corrupção, ele não quis se comprometer com indicar um procurador-geral a partir da lista tríplice do Ministério Público Federal.
Corrupção
Sobre o escândalo de corrupção na Petrobras, que atingiu executivos da empresa e partidos como o PT, e sobre a devolução de R$ 6 bilhões aos cofres públicos após investigações da Lava-Jato, Lula evitou uma autocrítica ou admitir explicitamente os esquemas. Ao rememorar sua batalha jurídica — o petista obteve, em 2021, a anulação de todas as sentenças contra si —, Lula criticou métodos que atribuiu à Lava-Jato em acordos de delação, quando foi lembrado de que houve confissões.
— Você não pode dizer que não houve corrupção se as pessoas confessaram. E ficaram ricos por conta de confessar. Você não só ganhava liberdade por falar o que o Ministério Público queria como ficava com metade do que roubou. Ou seja, o roubo foi oficializado pelo MP, o que é uma aberração — afirmou.
Erros de Dilma
O ex-presidente recorreu a um ditado, “rei morto, rei posto”, para marcar diferenças entre sua gestão e o governo Dilma, afirmando que “quem ganha vai governar do seu jeito”. Após elogiar o que chamou de “profunda competência” de Dilma como ministra da Casa Civil e chamar seu primeiro mandato de “extraordinário”, Lula elencou “equívocos” de sua sucessora, como as medidas para segurar preços da gasolina e dos alimentos, às vésperas das eleições de 2014, que agravaram problemas fiscais no ano seguinte:
— Acho que Dilma cometeu equívocos na questão da gasolina, e na hora que fizeram R$ 540 bilhões de desoneração e isenção fiscal de 2011 a 2014.
FONTE: O GLOBO
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