Além de maior provedor econômico do País, São Paulo também é a locomotiva do ministério Dilma Rousseff: nada menos de oito nomes indicados até agora. Até parece estratégia do PT no afã de obter densidade eleitoral no mais forte reduto oposicionista.
O Nordeste, que votou em cheio na presidente eleita e deu-lhe a vitória, entra no comboio com poucos vagões sem tração própria.
O esvaziamento ministeriável do Nordeste ocorre significativamente depois que o governador Jaques Wagner trocou a postura de autoridade reivindicante pela preferência que lhe dá a futura presidente como consultor. Em declarações a este jornal, possível missa encomendada, o governador Marcelo Déda (PT), de Sergipe, reivindica presença nordestina mais decisiva na equipe ainda em fase de escalação.
Mas ele o faz em tom submisso, pois compreende as dificuldades que a presidente tem de conciliar um perfil prévio – ministério formado por técnicos – com a diversidade política nacional, as alianças eleitorais e sentimentos de gratidão regional.
Ainda assim, adverte os companheiros: a fronteira do crescimento do PT está no Nordeste. Ontem, por sinal, circulava o nome de Ciro Gomes para a pasta da Integração Nacional.
Se este cargo tem influência, pelas verbas que distribui, outros são periféricos, ao ponto de neles caber um deputado inexpressivo, apesar de seis vezes reeleito, o idoso Pedro Novais (PMDB-MA), do grupo Sarney. É dele o Ministério do Turismo, que não é a sua praia e se verá a abraços em 2014 com a Copa do Mundo. Lógica à parte, sempre haverá no torvelinho político um cargo em busca de determinado ocupante, como aconteceu ao senador Garibaldi Alves(PMDB-RN),chamado à Previdência Social.
Decerto não seriam nomes na cabeça da presidente, neste momento presa a dividas de gratidão com o seu criador Lula e os cobradores partidos aliados. Fica devedora do Nordeste, e paga quando puder, talvez num segundo ministério mais luzente que estrelas ao meio-dia.
Editorial ATARDE – Edição de 14/12/2010
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