O bom exemplo de Serra

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O que muitos chamam de chatos, prefiro chamar de educadores. A decisão do Senado de proibir em todo o país o fumo em lugares fechados mostra a importância dos “chatos” para o desenvolvimento de uma nação.

Impossível aqui não reconhecer, nesse caso, a importância de José Serra que, quando governador, proibiu o fumo em lugares fechados. Pela importância de São Paulo, a medida serviu de exemplo e acabou formando a opinião nacional, refletindo no Congresso.

Não é fácil mudar atitudes arraigadas. Lembro-me que quando lançaram essa ideia em Nova York, diziam que os bares e restaurantes iriam quebrar. Nada disso, claro, aconteceu.

No Brasil, diziam que a lei não iria pegar. Pegou. E pegou porque a população já estava educada sobre os riscos do fumante passivo. A pessoa tem direito de fumar, mas não de prejudicar a saúde dos outros.

O caso do cigarro mostra a rota da civilidade. Os educadores sustentam, inicialmente solitários, uma posição mostrando um problema. São atacados por todos os lados, apontados como malucos. Mais cedo ou mais tarde, um político ou um grupo deles arrisca, sai na frente, tornando-se formador de opinião. Até virar uma política pública.

Está aí a importância do papel dos educadores de uma nação que não têm medo de serem pioneiros.

Por: Gilberto Dimenstein, 54, integra o Conselho Editorial da Folha e vive nos Estados Unidos, onde foi convidado para desenvolver em Harvard projeto de comunicação para a cidadania.

 

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