Governo cede a caminhoneiros, que recomendam fim da paralisação, mas colapso nos serviços continua. Temer é alvo de panelaço
Olá, bom dia.
A semana começa ainda com os efeitos da paralisação dos caminhoneiros. Na noite de ontem, o presidente Michel Temer anunciou um pacote que atende a reivindicações dos grevistas. Entidades que afirmam representar o setor apoiaram as medidas. Depois do pronunciamento, dirigentes recomendaram aos caminhoneiros que encerrem o movimento , mas ainda não está claro se desta vez o assunto será resolvido. Na prática, esta promete ser uma segunda-feira repleta de transtornos, atingindo os transportes públicos, a rede de ensino e os serviços nos hospitais, com os postos ainda sem combustíveis e as prateleiras dos supermercados desguarnecidas de mercadorias essenciais.
Entre as medidas estão a redução de R$ 0,46 por litro de diesel, o congelamento do preço por dois meses e, ao fim desse período, o estabelecimento de reajustes mensais. Com isso, o governo federal pretende evitar o vaivém nos preços nas bombas de combustível, que provocava insegurança e irritação dos caminhoneiros. Também haverá isenção de pagamento de pedágio para eixos suspensos de caminhões vazios em todas as estradas do país, uma das bandeiras dos manifestantes. Essa é uma das decisões que saem por medida provisória, garantindo sua aplicação imediata.
Na noite de domingo, quem entrou em cena foram outros manifestantes: aqueles que estavam estacionados na frente da televisão. Enquanto o presidente falava, destacando as medidas que terão impacto estimado em R$ 10 bilhões, houve panelaços, vaias e gritos de protesto em diversas cidades no país. Mais uma demonstração inequívoca da impopularidade de Temer e das críticas da população à gestão da crise , conforme aponta uma nova pesquisa.
- Em análise, Cristiane Jungblut diz que o emedebista apostou nas Forças Armadas para solucionar o impasse nas estradas, mas sua estratégia não deu certo.
- O colunista Samy Dana mostra que o acordo com os grevistas é uma fatura que vai pesar para todos os contribuintes.
- Entenda por que o Brasil segue dependente das rodovias para transportar 66% das mercadorias que circulam no país.
Assim já é demais
No Rio, o desabastecimento chegou à praia e mexeu com um ícone carioca: está faltando coco nos quiosques e barracas na orla.
Carona na greve
Pré-candidato do PSL à Presidência da República, o deputado federal Jair Bolsonaro deu uma guinada em suas convicções sobre a paralisação. No início, era contra os bloqueios, mas ontem posou de defensor dos grevistas.
Perda animal
Sem ração, mais de 65 milhões de aves morreram desde o início do movimento dos caminhoneiros. Desequilíbrio no abastecimento e prejuízos dos produtores vão gerar impacto na inflação, na avaliação de especialistas.
Quem é quem
Falta de liderança formal entre os caminhoneiros deixou o governo tonto, dificultando o caminho até um acordo. Definição de quais seriam os representantes nas negociações ocorreu, boa parte das vezes, em cima da hora, usando grupos de WhatsApp.
Informações de O GLOBO
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