O recado está dado

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Janio Lopo 22/08/2009

Os intrigueiros de plantão ainda terão muita bala na agulha para explorar o rompimento entre o PMDB e o PT. O governador Jaques Wagner talvez esteja se deleitando desde o momento em que o prefeito João Henrique abriu a guarda e foi lamentar-se no ombro do então inimigo. O ministro Geddel Vieira Lima, habilmente, deixou a poeira assentar, embora mantenha a tese segundo a qual se há um traidor em toda essa história ele chama-se Wagner e o PT. Era, na verdade, um casamento que não tinha como dá certo. Os rancores não só atingiram em cheio as entranhas dos principais atores dessa peça líder de audiência no mundo político como chegaram a ser expostos publicamente e de maneira não tão ética como se esperava. Para o ex-deputado Raimundo Sobreira, do PMDB, faltou a Wagner a sensibilidade do homem público afinado com os chamados compromissos republicanos. Na sua opinião, à medida em que os cargos foram entregues e a saída da legenda oficializada, a inês estava morta. Cada um seguiria o destino e ponto final.

Adiante, no segundo turno quem sabe, os braços e abraços poderiam vir à tona novamente entre os ex-aliados. Porém, na análise do ex-parlamentar, o governador pisou na bola ao jogar para a platéia um discurso “ dúbio e prenhe de inverdades”. Um parêntese: Sobreira colocou a coisa num tom serena e restrita ao campo político. Fecha aspas. No entanto, o que o surpreendeu foram as palavras de Wagner durante a posse dos novos secretários – João Leão, Infraestrutura, e James Correia, Indústria e Comércio – no meio da semana na tentativa – sempre na visão de Sobreira- desqualificar o ministro. Seria um sinal do desespero do petista com relação a 2010. Esse desespero seria também responsável por uma espécie de leilão de cargos para atrair o maior número possível de partidos e, assim, acrescentar preciosos minutos no programa eleitoral.

Para Sobreira, o vexame maior foram as revelações de supostas conversas tidas entre o governador e o prefeito e, inclusive, com o envolvimento do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Ao expor tais acontecimentos (duvidosos, na opinião do ex-deputado) Wagner estaria passando por cima do que recomenda a boa ética política. Isso se aplica também, segundo ele, aos comentários a respeito dos secretários que saíram e aos que acabam de entrar.

“ Temo que, a partir de agora, os auxiliares do governador se sintam melindrados a expor qualquer tipo de problema político ou mesmo pessoal que possam ser usados futuramente, e em público, pelo sua excelência Wagner”, alfineta. No mais, o PMDB, prossegue Sobreira, vai continuar na sua firme disposição de ampliar seu espaço em toda a Bahia, levando a candidatura do ministro Geddel ao governo em todos os recantos do Estado.

O clima interno, garante, é de harmonia e de tranqüilidade. “Assim vamos prosseguir até as eleições. Já apontamos, democraticamente, as deficiências da administração estadual e obviamente não fomos compreendidos exatamente porque estávamos, como estamos, corretos. Mas tudo isso faz parte do jogo político. E, de nossa parte, nos comprometemos a manter esse jogo, mas dentro das regras da ética, da transparência e da democracia plena, sem subterfúgios.”

Transcrito da Tribuna da Bahia

 

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