O voto da barriga

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O voto da barriga
Óbvio que do ponto de vista científico, também na política, cada episódio no particular requer estudo específico.

A questão: e porque Lula, com tantos e escabrosos escândalos de corrupção no seu entorno, deu certo? Os nossos cientistas políticas ainda estão devendo respostas mais abrangentes, até porque a era Lula ainda está em curso, mas as teorias em andamento trilham o caminho adensado numa lógica consagrada: o voto econômico, popularmente conhecido como o voto da barriga, é o definidor principal.

O tal voto vai do emprego dado ao cidadão (e nisso se inclui a turma que ganha R$ 15 por dia para segurar bandeiras nas avenidas) até as questões da macroeconomia. Dizem os cientistas, 85% dos eleitores se definem ‘pela barriga’, o chamado voto econômico.

Por essa linha, Lula fez (ou ampliou os programas de FHC de 500 mil beneficiários para 12 milhões) o Bolsa Família, abriu empréstimos consignados para bancos (o comércio de dinheiro mais seguro de que se tem notícia) e com isso sobreviveu ao mensalão.

No segundo round, durante a crise nos EUA baixou IPI para carros, eletrodomésticos, materiais de construção, ganhou o meio campo.

Lá atrás, no início do ano, em Santa Maria da Vitória, Jaques Wagner já dizia: Dilma vai ganhar porque a sociedade está com aquela sensação de bem estar.

É a tese mais aceita para a opção pelo continuísmo (o favoritismo com que Dilma vai às urnas hoje), o voto da barriga (cheia).

REPETECO
A situação econômica influenciar em eleições presidenciais não é daqui do Brasil e nem de agora. A situação econômica sempre levantou ou derrubou governos.

Exemplos caseiros: no fim dos anos 70 a inflação galopante ajudou a precipitar o fim do regime militar, em 1986 José Sarney decretou o Plano Cruzado (que congelou os preços) quando o PMDB, partido dele, elegeu 22 dos 27 governadores (o PFL apenas um), em 1990 Collor decretou o Plano Collor (que sequestrou a poupança) e acabou sofrendo o impeachment e finalmente o Plano Real de Itamar Franco elegeu e reelegeu FHC em1994 e 1998. Em 2010 a história apenas se repete.

Coluna do jornalista Levi Vasconcelos – Jornal ATARDE em 31/10/2010

 

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