Por: Renato Simões
Conforme foi divulgado, há um nítido desinteresse pelo processo eleitoral, comparativamente ao ocorrido no passado. Não se sabe se tal declínio decorre da desatenção popular com as manifestações dos candidatos, na maioria das vezes repisando temas de pouco interesse ou de difícil percepção, ou pela fragilidade do embate entre os pleiteantes. Não se assiste mais à vibrante oratória com que outrora digladiavam famosos tribunos, como por exemplo, o governador Franco Montoro desafiado pela ironia do ex-presidente Jânio Quadros. Carlos Lacerda, Tarcísio Vieira Lima, entre outros, encantavam o eleitorado com seus pronunciamentos de alto nível, sempre abordando temas de gosto popular, a serviço da rapidez de respostas, alimentadas por inteligências brilhantes.
As regras dos embates na televisão, ante a rigidez dos tempos de exposição concedidos aos pleiteantes ao cargo máximo da República, lhes inibem, talvez, a exposição.
Mas, tal não deva ser o motivo crucial para se delegar a segundo plano o espetáculo da apresentação deles, em detrimento até de uma transmissão de jogo de futebol, embora de cunho internacional.
É de ver, mesmo, que a atenção e comentários elogiosos foram dirigidos mais à candidata Marina Silva pelo primor de sua retórica, a par do conhecimento que demonstrou das teses que corajosamente defende. Os outros dois principais pleiteantes, que se defrontaram, valendo-se mais do passado do que nas realizações futuras, a despeito do embate em que se posicionaram, não se alinham nos quadros de competição que tanto encantavam os espectadores, tempos atrás.
Transcrito do Jornal ATARDE – Edição de 15/08/2010
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