Pão e circo para o povo

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Por: João de Tidinha

A frase “pão e circo para o povo” foi dita há muito tempo pelo imperador romano Vespasiano, quando da construção do Grande Coliseu. Naquela época a escravidão na zona rural fez com que vários camponeses perdessem o emprego e migrassem para a cidade. O crescimento urbano acabou gerando problemas sociais e o imperador, com medo que a população se revoltasse com a falta de emprego e exigisse melhores condições de vida, acabou criando a política “panis et circenses”, a política do pão e circo.

Aquele método era muito simples. Todos os dias havia lutas de gladiadores nos estádios (o mais famoso foi o Coliseu) e durante os eventos eram distribuídos alimentos (pão e trigo). O objetivo era alcançado, já que ao mesmo tempo em que a população se distraia e se alimentava também esquecia dos problemas e não pensava em se rebelar.

O incrível é que essa frase tão antiga continua presente e atual na forma de alguns governantes fazerem política.

Podemos observar que esses governantes procuram distrair a população com eventos, festas ou “inaugurações” fúteis que em nada contribuem para melhoria das condições de vida do cidadão. Ao invés de procurar “investir” na educação e saúde da população, bem como na geração de empregos, eles preferem simplesmente “gastar” em festas e comemorações com o propósito de distrair a população, evitando que ela se conscienteze da sua realidade.

É claro que diversão é importante para qualquer pessoa. Contudo, ela não deve ser a prioridade nem se constituir em instrumento de manobras dos governantes. Estes devem se concentrar nas ações que realmente possam provocar mudanças na condição de vida do povo, dando-lhes oportunidades para sua evolução pessoal e social. 

Vivemos o circo de escândalos políticos, da corrupção e da impunidade e continuamos encantados e sem nenhuma reação ao vermos os imperadores modernos que se valem do discurso fácil, inútil e cheios de promessas.

Os governantes devem perceber que essa política está ficando ultrapassada e que eles serão cobrados pela não realização de investimentos necessários nas áreas da saúde e da educação, bem como na qualificação da mão-de-obra tão necessária à formação dos jovens. Aquela velha frase “não se dá o peixe, se ensina a pescar” pode ser definida como princípio básico de desenvolvimento em qualquer sociedade. Porém, ainda existem governantes que preferem continuar com a política do pão e circo do imperador Vespasiano.

O imperador pensava: “O que mais precisam? Tendo isso, eles não querem mais nada. Não têm perspectiva, não têm objetivos grandiosos. Querem só comer e se divertir”. Assim cresceu o império romano.

Mas havia uma minoria do povo que não era controlada e nem dependia do imperador. E essa minoria tinha o propósito de realizar mudanças, as quais foram facilitadas pelas conspirações e traições palacianas que acabavam por abrir uma lacuna de corrupção no governo regente que era desmantelado. Porém, o governo seguia, já que o importante era manter o povo calado. Calado e contente com as esmolas que recebiam, a qual temiam perder caso houvesse uma revolta. Anfiteatros para peças e lutas de gladiadores eram construídos, e o mísero pão era distribuído como um gesto de grande “generosidade” e “solidariedade” dos governantes.

Pão e circo para o povo. Educação não. Educação é prejudicial. Educar o povo é abrir seus olhos para a sua triste realidade, que causa indignação nos que a compreendem, mas são a minoria. Uma minoria esmagada por um exército de “espertos” que continuam sorrindo com sua política de pão e circo, sem nenhuma visão de futuro e destruindo os sonhos das novas gerações.

Que tal ao povo, livro e Informação?

 

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