Pré-candidatos ao Planalto buscam vice com estrutura partidária e acesso a grupos resistentes; veja os cotados

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Tempo de televisão, recursos do fundo eleitoral e apoio em locais-chave são itens valiosos na busca pelo nome ideal

Jussara Soares e Daniel Gullino

07/12/2021 – 03:30 / Atualizado em 07/12/2021 – 07:18

BRASÍLIA — Ao mesmo tempo em que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) negocia uma possível chapa com o ex-governador Geraldo Alckmin (de saída do PSDB), os outros pré-candidatos à Presidência também buscam quem seria o vice ideal. No cálculo, entram questões como a estrutura partidária do parceiro de chapa, que pode garantir tempo de televisão e recursos do fundo eleitoral, e o apelo em determinadas regiões ou grupos em que o titular tenha dificuldade.

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O presidente Jair Bolsonaro não deve repetir a chapa com Hamilton Mourão, mas cogita ter outro militar como vice. Bolsonaro tem confiança nos membros da caserna e, por outro lado, teme ser traído por algum representante do Centrão. O entorno do presidente avalia que não houve impeachment porque o vice-presidente era Mourão, o que não entusiasmava a classe política.

Nesse raciocínio, o ministro da Defesa, Walter Braga Netto, é cotado, por ser alguém da confiança de Bolsonaro, como antecipou o blog da jornalista Andréia Sadi, no g1. Integrantes das Forças Armadas que atuam no Palácio do Planalto, no entanto, avaliam que o nome do militar não agrega votos e que hoje o presidente precisa de alguém que atraia o eleitor, como informou a colunista do GLOBO Bela Megale.

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Ontem, em conversa com apoiadores no Palácio da Alvorada, o presidente afirmou que alguns aliados estão querendo tumultuar a questão com a divulgação de nomes, mas que a escolha será sua.

— Acertei com o Valdemar (Costa Neto, presidente do PL) muita coisa, não está escolhido o vice. O vice quem vai escolher sou eu — afirmou o presidente, acrescentando que quem vaza essas informações está tentando se cacifar.

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Bolsonaro já tinha cogitado outros perfis para a sua chapa, como um evangélico, uma mulher ou, mais recentemente, alguém de Minas Gerais, por ser o segundo maior colégio eleitoral. Esta possibilidade surgiu com uma avaliação de que é difícil reverter a rejeição do presidente no Nordeste. Ainda assim, o ministro das Comunicações, Fábio Faria, do Rio Grande do Norte, está no páreo. O nome de Ciro Nogueira (Casa Civil) também já foi cotado para a vaga.

O senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ), um dos principais articuladores políticos do pai, afirmou que o perfil do vice dependerá de uma composição dos partidos. Mas o quadro ideal é de um nome alinhado ao presidente, de extrema confiança e que possa dar capilaridade ao projeto de reeleição.

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— Temos excelentes quadros. Fábio Faria é um. Não vou citar outros, porque vou acabar esquecendo e pode gerar algum tipo de situação. O PP é um dos partidos que estarão na nossa coalizão — disse o senador, antes da cerimônia em que ele e o presidente se filiaram ao PL.

Na tentativa de expandir o eleitorado para o centro, Lula tem trocado acenos com Alckmin, que mantém conversas sobre o futuro partidário com PSB e PSD. Os dois se reuniram na sexta-feira, segundo o colunista Bernardo Mello Franco — para o quase ex-tucano, compor a chapa com o petista, a quem enfrentou em 2006, é um caminho para voltar ao debate nacional após um desempenho ruim em 2018.

Setores do PT defendem a união como uma maneira de amenizar resistências em grupos de eleitores que se afastaram do PT, mas que estão em busca de uma alternativa a Bolsonaro. A definição de Alckmin deve ficar para o primeiro trimestre do ano que vem.

Os nomes do jogo

Pré-candidatos avaliam opções que possam agregar estrutura partidária (tempo de TV e verba eleitoral) e acesso a regiões ou grupos de eleitores

Geraldo Alckmin (PSDB)

Lula (PT)

Inicialmente inimaginável, a dobradinha do petista com o tucano ganhou força com acenos de ambos os lados. Aliados do ex-presidente avaliam que Alckmin pode ajudar na construção de uma imagem de moderação num eventual governo Lula e atrair um eleitorado de direita e centro-direita.

Braga Neto e Fábio Faria (PSD)

Bolsonaro (PL)

O nome do general passou a ser cogitado pelo presidente por ser alguém de sua confiança e que reduziria o apetite do Congresso por um eventual impeachment. O consenso, inclusive ainda defendido pelo Centrão, é que o posto deve ser ocupado por um político, de preferência do Nordeste. Neste caso, o ministro das Comunicações seria uma alternativa. Bolsonaro também considerou um evangélico para a chapa.

Simone Tebet (MDB)

João Doria (PSDB)

O governador de São Paulo já assumiu o compromisso de ter uma mulher em sua chapa. A senadora, com uma carreira política extensa e ligada ao agronegócio, foi elogiada pelo tucano. O MDB, no entanto, mostrou interesse em lançá-la candidata ao Planalto.

Luciano Bivar e Luiz Henrique Mandetta

Moro (Podemos)

Os dois nomes serão do União Brasil, partido que nascerá na fusão entre o PSL de Bivar e o DEM do ex-ministro da Saúde. O primeiro é o favorito para a vaga. De qualquer forma, Moro teria na chapa a legenda dona do maior fundo eleitoral (cerca de R$ 325 milhões) e do maior tempo de TV (por volta de 1 minuto e 50)

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Ciro (PDT)

O pedetista ainda não citou nomes, mas o presidente do partido, Carlos Lupi, avalia que o perfil ideal é de alguém de São Paulo ou Minas Gerais, pela força política e econômica dos estados. E que se ainda for mulher ou negro, “é açúcar com mel”, diz Lupi.

Trânsito no congresso

Já no caso do ex-ministro Sergio Moro (Podemos), aliados defendem uma dobradinha com o União Brasil, partido que nascerá da fusão entre PSL e DEM. A nova legenda deve ser dona do maior fundo eleitoral (cerca de R$ 325 milhões) e do maior tempo de televisão (por volta de 1 minuto e 50 segundos). Além disso, pelos cálculos de seus dirigentes, poderá ter até 70 parlamentares em 2022, o que é fundamental para dar capilaridade em uma disputa nacional.

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Também há o desejo por um político, que poderia facilitar o trânsito de Moro com o Congresso. O ex-juiz enfrenta resistência da classe política devido à sua atuação na Operação Lava-Jato. É a partir disso que passou a ganhar força nos bastidores a ideia do deputado Luciano Bivar (PSL-PE) ficar com o posto de vice. Moro e Bivar têm conversado. Além de dono do cofre, o parlamentar é um político tradicional do Nordeste e tem boa articulação na Câmara, onde foi eleito como primeiro-secretário.

O ex-ministro da Saúde Luiz Henrique Mandetta, filiado ao DEM, também já foi cotado para a vaga, mas a avaliação na cúpula do PSL é que ele deve ser candidato a algum cargo no Mato Grosso do Sul. 

Fonte: O GLOBO

 

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