A equipe da Procuradoria-Geral da República avalia que provas obtidas até o momento são suficientes para caracterizar que o presidente Jair Bolsonaro cometeu crime de advocacia administrativa ao pressionar por trocas em postos-chave da Polícia Federal. A análise será repassada ao procurador-geral Augusto Aras, a quem cabe apresentar denúncia.
O que se sabe: para os procuradores, ficou claro que Bolsonaro atuou com a intenção de proteger família e amigos, verbalizada na reunião ministerial. Segundo investigadores, a gravação oferece comprovação rara de se obter nesse tipo de crime — o “dolo”, a vontade de cometer o delito.
Em detalhes: apesar de Bolsonaro reclamar que não recebe informações eficientes dos órgãos de inteligência, a Abin recebeu 1.272 relatórios com informações estratégicas em 2019 e 2020. Na reunião, Bolsonaro disse recorrer a um sistema “privado” de inteligência que funcionaria melhor.
Entrevista: a divulgação do vídeo da reunião ministerial, incluído como prova no inquérito que investiga Bolsonaro, ajuda na defesa do presidente, afirmou o líder do governo na Câmara, Vitor Hugo (PSL-GO), endossando a versão dada pelo Palácio do Planalto. “Ficou claro que ele falava a respeito da segurança”, disse.
Outro olhar: a base de apoio a Bolsonaro no Twitter ficou isolada após a divulgação do vídeo. Quase 60% das interações criticaram o presidente.
Com 363 mil casos de Covid-19, Brasil tem 14 milhões a duas horas de uma UTI
Mais de 14 milhões de pessoas precisam viajar de carro por pelo menos duas horas para chegar a um hospital com leitos de UTI do SUS, mostra levantamento com dados do Ministério da Saúde e do Google. A distância do atendimento é um dos entraves ao combate ao novo coronavírus no país, que ontem chegou a 363.211 casos de Covid-19 e 22.666 mortes. Especialistas defendem que municípios repensem estratégias integradas de isolamento e atendimento em rede.
Mais detalhes: 40 milhões de brasileiros gastam ao menos uma hora para ter acesso à UTI. Outros dois milhões sequer conseguem ir por via terrestre — precisam ir de barco ou de avião.
Fique atento: o pico das mortes por Covid-19 no país acontece nesta semana, segundo previsões da cúpula da área de saúde dos maiores estados e de redes de hospitais privados. São estimados 5,5 mil óbitos.
Aconteceu ontem: Bolsonaro participou de nova manifestação em Brasília e teve contato físico com apoiadores aglomerados. Ele usou helicóptero da Força Aérea Brasileira (FAB), apesar de o Palácio da Alvorada ficar a cinco minutos de carro da Praça dos Três Poderes, onde aconteceu o ato.
O que foi dito: Nelson Teich admitiu que divergências com Bolsonaro sobre cloroquina pesaram na decisão de deixar o Ministério da Saúde.
Fonte: O GLOBO
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