PSB aposta em Alckmin como cabo eleitoral para neutralizar planos do PT em 2024

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Vice-presidente deve atuar em cidades paulistas, freando presença de Lula na avaliação de caciques petistas

Por Bernardo Mello — Rio de Janeiro

09/07/2023 04h30  Atualizado há 2 dias

Além de enfrentar partidos de centro da base, o PT também terá como adversários no pleito municipal aliados próximos que integraram a chapa presidencial no ano passado. É o caso do PSB, do vice-presidente Geraldo Alckmin, que deve disputar espaço com os petistas em estados como São Paulo, Bahia e Paraíba. O partido planeja usar Alckmin como cabo eleitoral em alguns dos principais colégios eleitorais paulistas, batendo de frente com planos de caciques petistas.

Em São Paulo, por exemplo, a deputada federal Tabata Amaral (PSB-SP) é tratada internamente no PSB como candidata à prefeitura, concorrendo com Guilherme Boulos (PSOL-SP) pelos votos à esquerda.

Com apoio de Alckmin, o PSB também busca avançar no ABC paulista, região priorizada pelo PT por ser o berço do partido. O vice-presidente articulou, em maio, a filiação do deputado federal Marcelo Lima ao PSB, de olho nas eleições municipais. Lima é o mais cotado como candidato à sucessão do atual prefeito de São Bernardo do Campo, Orlando Morando (PSDB), de quem foi vice-prefeito por seis anos antes de se eleger à Câmara.

Nacional em 2º plano

Morando é adversário de longa data do atual ministro do Trabalho, Luiz Marinho (PT), que já foi prefeito de São Bernardo e deve lançar um aliado petista no município. Segundo Lima, a aliança nacional entre os partidos não é impedimento para uma eventual candidatura representando o grupo do atual prefeito, “contra a antiga gestão do PT”.

— Se meu nome surgir como candidato, estou preparado. Não tem o menor problema o PSB ser aliado ao PT no governo federal — afirmou o deputado.

Integrante do Grupo de Trabalho Eleitoral (GTE) do PT, que definirá a estratégia para as eleições de 2024, o deputado federal Jilmar Tatto (PT-SP) avalia que as candidaturas do PSB podem atrapalhar o plano petista de alavancar candidaturas do partido com o suporte de Lula. O presidente vem sinalizando com apoio a Boulos na capital paulista, por conta de um acordo costurado em 2022, mas também deve levar em conta a posição de Geraldo Alckmin.

— Em um cenário como o de São Bernardo, é possível que Lula fique mais retraído de entrar na campanha — avaliou Tatto.

Disputa no Nordeste

Nas capitais do Nordeste, o PSB pleiteia o apoio petista e já abriu algumas frentes de disputa. Em João Pessoa, o governador João Azevêdo (PSB) defende uma aliança com o atual prefeito Cícero Lucena (PP) e tenta levar Lula para seu palanque, enquanto o PT da capital paraibana quer lançar o ex-prefeito Luciano Cartaxo, seu adversário.

Em São Luís, PCdoB e PV, que estão na federação com o PT, discutem nomes para concorrer à cadeira do prefeito Eduardo Braide (PSD). Ele se movimenta pelo apoio do governador Carlos Brandão (PSB), cujo partido tem uma concorrência interna entre pré-candidatos. Apesar de eleito com apoio do ex-governador e hoje ministro da Justiça, Flávio Dino (PSB), Brandão se afastou do antecessor, o que pode pesar na definição de uma candidatura que concorra com o PT.

Em Salvador, o PSB articula o ex-deputado José Trindade com aval do ministro da Casa Civil, Rui Costa, mas em meio à contrariedade de outras alas do PT, que defendem um nome “orgânico” do partido. A capital baiana, hoje sob comando do grupo político do ex-prefeito ACM Neto (União), é um dos principais focos petistas.

Em lados opostos

São Paulo: O PSB deve lançar a deputada federal Tabata Amaral à prefeitura de São Paulo. Tabata tem o apoio da cúpula do partido, que pretende usar o vice-presidente e ex-governador Geraldo Alckmin como cabo eleitoral no estado, inclusive em municípios de interesse do PT, por exemplo, no ABC paulista. Na capital, petistas devem apoiar Guilherme Boulos (PSOL) .

João Pessoa: O governador João Azevêdo (PSB) articula apoio à reeleição de Cícero Lucena (PP) na capital paraibana, em retribuição a uma aliança firmada em 2022, e tenta atrair o presidente Luiz Inácio Lula da Silva para o palanque. Lideranças petistas locais, que têm relação turbulenta com Azevêdo, avaliam lançar o ex-prefeito Luciano Cartaxo (PT).

São Luís: O PSB, partido do ministro da Justiça e ex-governador Flávio Dino, tem dois pré-candidatos, os deputados Duarte Júnior e Carlos Lula, que buscam apoio de caciques petistas. Contudo, PV e PCdoB, que formam uma federação com o PT, defendem candidaturas próprias. O aval do governador Carlos Brandão (PSB) também é disputado.

FONTE: O GLOBO

 

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