Presidente do PSB falou sobre ‘culturas diferentes’ entre as legendas
Bruno Góes
09/03/2022 – 20:03 / Atualizado em 09/03/2022 – 23:21
BRASÍLIA — O presidente do PSB, Carlos Siqueira, disse nesta quarta-feira, após reunião com dirigentes partidários, que a legenda não tem a intenção de participar, neste momento, de uma federação com o PT. Com o gesto, parlamentares e caciques de ambos os partidos descartaram qualquer possibilidade de união até as eleições. Na segunda-feira, o ex-governador Geraldo Alckmin praticamente sacramentou, em reunião, sua filiação ao PSB para ser o vice na chapa presidencial de Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
Veja também: PT muda estratégia e planeja levar Dilma para propaganda na TV da campanha de Lula
Na federação, as legendas são obrigadas a andar juntas por um período de quatro anos, inclusive com candidato único em disputas majoritárias. O prazo para a formalização dessas alianças, estabelecido pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE), se esgota em maio.
No caso de PT e PSB, não há consenso sobre palanques e candidaturas em estados importantes, como São Paulo. Além disso, socialistas entregaram uma lista de exigências sobre a estrutura da federação. Algumas das demandas não foram, porém, bem recebidas.
Lava-Jato: STJ confirma que ministério deve informar se houve cooperação com os EUA em ações sobre Lula
Agora, sem o PSB, petistas devem fechar uma federação com PCdoB e PV.
— A definição, no momento, é dos três partidos: PT, PV e PCdoB. O PSB, neste momento, não tem a intenção de participar. (Vamos) manter o diálogo entre os partidos, mas neste momento não tem a decisão (do PSB para participar da federação) — disse Siqueira.
A presidente do PT, Gleisi Hoffmann, leu uma nota e afirmou que o PT continuará a dialogar com o PSB para tentar formar a aliança. Apesar disso, ela reconheceu a dificuldade.
Leia: Aras diz que as mulheres têm ‘o prazer de escolher a cor da unha’ e ‘o sapato que vão calçar’
— O presidente Siqueira relatou (a proximidade de PT e PSB) nos estados. Nós estamos apoiando o PSB no Rio, Maranhão e Pernambuco. No Espírito Santo, temos uma discussão. E vamos continuar a discussão. Não ter a federação não afasta as alianças estaduais. É um patamar de coligação, que é diferente. Mas achamos que é importante — disse Gleisi.
Um passo de cada vez
Entre idas e vindas, partidos buscam conciliar interesses pelo país.
Siqueira também reforçou a proximidade das legendas, apesar do fracasso das negociações da federação.
— Há muito mais concordância entre nós. O que há são partidos com culturas diferentes que nem sempre estão preparados para andarem eleitoralmente juntos. Mas, estaremos eleitoralmente no plano nacional e em vários estados. Nós estamos apoiando o PT na Bahia, em Sergipe, no Piauí, no Rio Grande do Norte.
Justiça: STF rejeita ação que propunha reduzir punição da Lei da Ficha Limpa
Entre as exigências do PSB para federar com o PT, estava o formato da composição da assembleia geral dos partidos da federação. A reunião deveria considerar, além do número de deputados eleitos, o número de prefeitos e vereadores eleitos por partido em 2020.
— Nós somos partidos distintos, estruturas distintas. Às vezes temos disputas entre nós mesmos. E neste momento exato, até agora, esse assunto não está maduro para o PSB — acrescentou Siqueira.
Eleições: Presidente do PL na Bahia anuncia saída do partido por aliança com ACM Neto
Apesar de PT, PCdoB e PV divulgarem nota afirmando que as três legendas vão formar a federação, Gleisi ressaltou que ainda há detalhes que precisam ser avaliados pelas instâncias partidárias.
— Há um propósito da nossa parte de construir a federação. Obviamente que nós estávamos na discussão do estatuto. Agora, cada partido tem que levar para as suas direções partidárias para saber se está de acordo. E aí sim a gente fazer os encaminhamentos, porque é preciso passar pelas instâncias. Mas há uma vontade muito grande — disse Gleisi.
FONTE: O GLOBO
Leave a Reply