Por Samuel Celestino
O ministro presidente do Tribunal Superior Eleitoral, Ricardo Lawandowski, seguramente, por precaução, não se inclina como simpatizante do PSD, que tenta se legalizar como partido e corre contra o tempo. O ministro, no entanto, surpreendeu ao afirmar que a greve dos servidores da Justiça Eleitoral acabou por prejudicar o rito, a tramitação do processo de legalização do novo partido. Uma defesa e tanto! Lawandowski entendeu, em sequência, que poderia “flexibilizar” a tramitação, para permitir que o PSD participe das eleições, indo frontalmente contra uma resolução tomada pelo TSE. A “solução” por ele defendida não calhou bem. A própria Justiça, através dos tribunais regionais eleitorais, contestou-o em relação aos “efeitos” prejudiciais da tal greve. O PSD terá que apresentar certidões de constituição em pelo menos nove estados, e é aí que o problema surge. Será que a pretensa nova legenda alcançará o objetivo legal? Há controvérsias envolvendo os documentos com as assinaturas exigidas por lei. Muitas estão, digamos, “dengadas.” Desse modo, malgrado a defesa do ministro, que deveria permanecer na postura de independência, despertou senão desconfianças, aliás, não foi isso, mas, pelo menos, uma estranha interpretação, indo de encontro ao que decidira o tribunal que preside. Ele chegou a propor que, em caso de dificuldades, o PSD de Kassab e, na Bahia, de Otto Alencar, receba, em conseqüência da greve dos tribunais eleitorais, certidão de registro provisório. Houve reação porque a própria lei veda. E aí? Aí é que o PSD tem que acender velas e rezar para os santos, ir a terreiros, aprontar despachos em encruzilhadas, fazer figas, bate na madeira e repetir incessantemente pé-de-pato-mangalô três vezes. Se não conseguir o que pretende, o registro definitivo como partido, milhares de políticos gritarão aos céus e amaldiçoarão o momento em que se desligou das suas legendas para se aboletar à sombra do PSD, que nasce, ou nasceria, governista aqui e alhures, ou seja, na Bahia e no País.
Fonte: BN
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