Quando se quer, se faz.

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Assistindo a edição do Jornal Nacional do dia 20/09/2010, me chamou atenção à reportagem da equipe do JN no Ar, sobre o município de Barbalha no Estado do Ceará, cujo teor transcrevo abaixo. Impressionado com o relato do repórter sobre os investimentos em saúde naquele município, comparei os indicadores de Barbalha (CE) com os de Euclides da Cunha (BA) e constatei o seguinte:

O FPM de Barbalha é igual ao de Euclides da Cunha, ou seja, R$ 7.710.355,64 e R$ 7.769.276,22 respectivamente. Valores estes transferidos em 2010 segundo o Portal da Transparência do Governo Federal para estes municípios.

A população de Barbalha é de 52.496 hab e a de Euclides da Cunha é de 58.746 hab. Ambas ficam na região do semi-árido do Nordeste Brasileiro.

Refletindo, fiquei pensando. Tudo afinal é uma questão de se eleger prioridades pelos gestores públicos estabelecendo uma escala do que é o mais importante para o menos importante na execução de seus orçamentos anuais.

Ao final da reportagem do JN, uma frase da Irmã Rosamaria de Lira, diretora de um dos Hospitais de Barbalha, resume com bastante propriedade, o titulo da matéria. “Também os leigos podem fazer, contanto que se dediquem, que empregue todo seu esforço, tudo que recebe, coloque fielmente a serviço do pobre”.

Autor: João de Tidinha

Leiam à reportagem do JN

Marca de Barbalha (CE) é o investimento na saúde

A cidade tem quase 500 leitos em três grandes hospitais, abertos aos pacientes de todo o Nordeste. Mas só metade da população tem acesso à rede de esgoto.

A equipe do JN no Ar chegou pela sétima vez a uma cidade do Nordeste. Veja um raio-x do estado em que fica o município de Barbalha.

Ceará: 8,5 milhões de habitantes. As festas típicas e as praias atraem 2,5 milhões de turistas por ano.

“Acho que foi a pessoa ver esse sol maravilhoso que a gente tem o ano todo praticamente”, disse um morador.

A maior parte da riqueza do estado é gerada pelo setor de serviços. Apesar de ser a terceira maior economia do Nordeste, tem o segundo menor rendimento médio mensal do país: R$ 570.

Cerca de 70% dos moradores não têm rede de esgoto em casa e 23% não recebem abastecimento de água.

A mortalidade infantil atinge 24 crianças por mil nascidas vivas. Está acima da média nacional, que é de 19.

Na educação, tem o quinto maior índice de analfabetismo do país. O ceará tem 5,8 milhões eleitores.

O repórter Ernesto Paglia falou, ao vivo, do aeroporto regional do Cariri, em Juazeiro do Norte, com apoio da TV Verdes Mares Cariri.

A região foi imortalizada pela música de Luiz Gonzaga, tornada famosa por ele, que falava do sertão do Cariri. Hoje em dia, modernamente, o nome é Região Metropolitana do Cariri, que reúne mais de 500 mil moradores no sul do Ceará. Faz parte dessa região a cidade de Barbalha, com pouco mais de 50 mil habitantes, é uma cidade muito interessante que tem uma marca que é o investimento na medicina.

A sorte foi tirada no Fantástico e a equipe disparou para Barbalha. Ao lado de Juazeiro do Norte e do Crato, Barbalha faz parte da Região Metropolitana do Cariri.

A maior parte do interior do Ceará enfrenta a seca. Mas este pedaço de terra, aos pés da chapada do Araripe, tem muita água no subsolo. Ela brota em fontes usadas por banhistas, é vendida por três engarrafadoras e rega imensos canaviais, que poucos engenhos transformam na macia rapadura batida, a preferida dos romeiros.

“Pessoal vem rezar no Juazeiro, mas quer comer rapadura”, brinca um morador.

Barbalha tem fábrica de vagões, que emprega 300 funcionários. Outro tanto trabalha na fábrica de cimento.

Só metade da população tem acesso à rede de esgoto. “Precisa de alguém que ajeite os esgotos e tem muito mosquito”, reclamou uma moradora.

“O saneamento básico é sempre muito limitado no interior e muito difícil de ser feito, sobretudo, porque é enterrado, não deixa chamariz para foto”, destacou o médico Napoleão Tavares.

Mas é o médico de 80 anos, em plena atividade, quem descreve a grande vocação de Barbalha: “É uma cidade que vive em função da sua medicina. Barbalha sempre foi uma cidade que pensou comunitariamente, pensou pelo povo”, lembrou ele.

Hoje, a cidade tem quase 500 leitos em três grandes hospitais, abertos aos pacientes de todo o Nordeste.

Um deles é referência em neurocirurgia. Outro, em cardiologia. O centro renal já fez 190 transplantes. Um outro é uma Santa Casa. Cerca de 70% dos atendimentos acontecem pelo SUS. Tem o único banco de leite materno do interior do estado.

“Estou aqui porque minha filha ficou doentinha, com infecção urinária, mas já está excelente. O atendimento foi excelente. Está de parabéns”, disse a cabeleireira Cláudia da Silva.

O hospital é referência no tratamento do câncer e tem um dos dois aceleradores nucleares do interior cearense. As três UTIs, o pronto socorro, lembram hospitais caros do Sudeste. Tudo com o dinheiro curto do SUS. Como é possível?

“Tudo que esse hospital rende é investido aqui em favor dos menos favorecidos”, explicou o responsável técnico da UTI, Meton Soares de Alencar.
As irmãs beneditinas de uma ordem fundada na Alemanha estão em Barbalha há 60 anos. A mais antiga delas, Irmã Edeltraut Lerch, criou o hospital. Até hoje, as religiosas dirigem a instituição.

“A cidade de Barbalha foi escolhida para ser a sede do hospital porque é o meio entre Recife e Fortaleza”, disse ela.

Mas será preciso fazer milagre para um hospital funcionar bem com dinheiro público?

“Também os leigos podem fazer, contanto que se dediquem, que empregue todo seu esforço, tudo que recebe, coloque fielmente a serviço do pobre”, afirmou a diretora do Hospital, Irmã Rosamaria de Lira.

Fonte G1

 

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