Andreia Santana
Um grupo de 40 vaqueiros, articulados pelo antropólogo Washington Queiroz, embarcará em um ônibus para Brasília, neste domingo, às 15h, para acompanhar, na próxima terça, dia 24, a votação no Senado sobre o reconhecimento e regulamentação da profissão de vaqueiro no Brasil.
Vindos de vários municípios da Bahia, os vaqueiros sairão do Centro Histórico de Salvador, ponto de encontro do grupo, vestidos a caráter, em ônibus fretado, e deverão desembarcar na capital federal na segunda-feira, dia 23.
Segundo o professor Washington Queiroz, autor da pesquisa Histórias de Vaqueiros – Vivências e Mitologia e de quatro livros sobre a história dos vaqueiros baianos, a regulamentação da profissão terá validade nacional, abrangendo desde o Nordeste, até aqueles que atuam na Ilha de Marajó, no Pantanal, nos Pampas Gaúchos e em qualquer outra região do país onde exista trabalho com gado.
Além da comitiva baiana, deverão acompanhar a votação grupos de Alagoas, Pernambuco e Piauí, totalizando cerca de 200 vaqueiros, todos encourados, ou seja, usando os trajes típicos do trabalho. “Trata-se do único traje de trabalho do Brasil colônia ainda em uso”, revela Washinton Queiroz.
Trinta anos de luta
A espera pela regulamentação da profissão de vaqueiro no Brasil tem pelo menos 28 anos, embora a atividade exista desde a época colonial e seja fartamente descrita na literatura nacional. “Esta é uma luta por reconhecimento que vem desde 1985. São quase 30 anos de muito trabalho, tendo que romper com os preconceitos de uma Bahia que continua teimando em não reconhecer a cultura do seu sertão, não obstante deter a maior parte do território. O sertão da Bahia equivale a área geográfica dos sertões dos outros oito estados nordestinos juntos!”, enfatiza o antropólogo.
Entre 2012 e 2013, Washington Queiroz realizou um trabalho de recenseamento e chegou ao número de 186 núcleos de vaqueiros em atividade na Bahia atualmente. De acordo com ele, são esses núcleos que organizam eventos como as vaquejadas no interior no Estado.
A primeira reunião dos vaqueiros da Bahia, que deveria ocorrer agora em outubro, foi remarcada para 2014 devido à política de contingenciamento de gastos do governo estadual. Ainda de acordo com o professor Washington Queiroz, que é membro do Conselho Nacional de Política Cultural do Ministério da Cultura (Minc) e do Conselho Estadual de Cultura, os vaqueiros do estado já conseguiram o reconhecimento como Patrimônio Imaterial da Bahia, em 2011, e agora buscam junto ao Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) a mesma titulação com validade nacional.
Washington Queiroz lembra que o primeiro vaqueiro citado pela História do Brasil é Pedro de Ambrosia, também o primeiro a receber de Thomé de Souza, governador geral que fundou Salvador, em 1549, pagamento por cuidar do gado trazido para a colônia.
A votação do reconhecimento e regulamentação da profissão de vaqueiro ocorrerá às 16h de terça, 24, em Brasília. A senadora baiana Lídice da Mata (PSB) foi quem buscou a aprovação do Requerimento de Urgência que permitiu a colocação do tema na pauta do Senado.
Fonte: ATARDE
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