Ângelo Coronel (PSD-BA), que preside CPMI das Fake News, gastou R$ 566 mil entre 2015 e 2018
Presidente da CPMI das Fake News no Congresso Nacional, o senador Ângelo Coronel (PSD-BA) gastou R$ 566 mil em recursos públicos com empresas de comunicação que pertencem a seus familiares e a um ex-assessor.
Os gastos foram feitos entre 2015 e 2018, período em que o senador era deputado estadual na Bahia, com recursos da cota parlamentar. Ele nega que tenha usado a verba de forma irregular.
Em quatro anos, o gabinete de Angelo Coronel emitiu 11 ordens de pagamento no valor total de R$ 173 mil para a BS2 Marketing e Publicidade. A empresa pertence à Corel Brasil Holding, conglomerado presidido por Angelo Mario de Azevedo Martins Filho, um dos filhos do senador.
Em formato sociedade anônima, a Corel Brasil Holding, tem como acionista único a Jet International Trading, offshore com sede no Panamá e que tem o próprio Angelo Coronel como diretor-presidente.
O grupo ainda detém outras empresas ligadas ao senador, caso da Jet Gold Serviços Aéreos, dona da aeronave na qual o senador costuma viajar entre Salvador e Brasília e que é abastecida com recursos da cota parlamentar do Senado.
Além da BS2 Marketing e Publicidade, o então deputado Ângelo Coronel gastou outros R$ 392 mil da verba da cota parlamentar com a XYZ Comunicação e Marketing.
A empresa pertence a Marcelo Cerqueira dos Santos, que atuou como assessor de Ângelo Coronel na Assembleia Legislativa da Bahia. Ele também ocupa o cargo de diretor de quatro empresas controladas pelo Grupo Corel, que pertence à família do senador.
De acordo com registros da Receita Federal, a firma de Marcelo Cerqueira dos Santos funciona em um edifício comercial de Salvador, em uma sala vizinha ao lado da sede empresa Jet Gold Serviços Aéreos, que pertence à família do senador. Ali, até dezembro de 2018, também funcionava a Corel Brasil Holding.
O volume de recursos despendidos em empresas da família e de assessores do senador pode ser maior.
A reportagem pediu, por meio da Lei de Acesso à Informação, acesso aos dados de gastos do gabinete de Ângelo Coronel entre 1995 e 2014, período em que ele cumpriu cinco mandatos consecutivos como deputado estadual.
A Assembleia Legislativa da Bahia, no entanto, informou que a documentação foi descartada pelo tempo ou destruída no incêndio que atingiu os arquivos da Diretoria Financeira da Casa.
O incêndio aconteceu em julho de 2018, período em que o próprio Angelo Coronel era presidente da Assembleia Legislativa. A perícia do Corpo de Bombeiros informou que o incidente foi causado por um curto-circuito.
Por meio de nota, o senador Angelo Coronel afirmou que as empresas prestaram serviços de divulgação do seu mandado parlamentar e destacou que essa função “deve ser confiada a pessoas de estrita confiança por ser estratégica para o mandato”.
Sobre a contratação da BS2 Marketing e Publicidade, ele diz que a firma “era dirigida por Marcelo Cerqueira dos Santos, que não é membro da família”. Porém, não cita que a empresa pertence à Corel Brasil Holding, que tem como presidente Angelo Coronel Filho e pertence à sua família.
Em relação à da contratação da XYZ Comunicação e Marketing, o senador afirma que possui relação apenas comercial com a empresa, “que foi contratada legalmente”.
O senador diz ainda que Marcelo Cerqueira dos Santos “não cuida dos negócios particulares do senador”. A afirmação contrasta com dados da Junta Comercial da Bahia que mostram que Santos é presidente ou diretor de quatro empresas que pertencem à Corel Brasil Holding, conglomerado da família do senador.
Reportagens do jornal Folha de S.Paulo mostram que o senador tem um histórico empresarial controverso. Em junho do ano passado, o jornal revelou que assessores de seu gabinete atuavam como funcionários de suas empresas e também comandavam organizações sociais que firmaram contratos com o poder público.
Em outubro, nova reportagem mostrou que o então candidato ao Senado contratou a Jet Gold Serviços Aéreos, empresa que pertence à sua família, para prestar serviços em sua campanha eleitoral. Nas duas ocasiões, Ângelo Coronel negou irregularidades.
Com informações da Folha de São Paulo
Leave a Reply