Álvaro Dias (PSDB) relata ter recebido milhares de mensagens apontando indícios de que o prêmio mais recente, que atingiu valor recorde, foi manipulado. Instituição financeira nega ilícitos e defende segurança do sistema. O caso repercute nas redes sociais
O senador Alvaro Dias (PSDB-PR) encaminhou à presidente da Caixa Econômica Federal, Miriam Belchior, um ofício (íntegra abaixo) em que questiona a instituição a respeito das suspeitas de que sorteios da Mega-Sena são alvo de fraudes. O tucano faz referência ao mais recente resultado da loteria, mais uma vez concedido a um apostador de Brasília, quando foi atingida a maior premiação da história, R$ 205 milhões. Tão logo foi divulgado o prêmio, usuários de redes sociais de todo o país passaram a compartilhar vídeos, imagens e teses de que o sorteio foi manipulado.
O senador diz ter recebido, em seu gabinete, milhares de mensagens com protestos sobre o mais recente sorteio. Segundo Alvaro, está também em curso um movimento popular para boicotar casas lotéricas Brasil afora. Para o senador, deve-se levar em conta, na esteira do caso em questão, “o histórico de denúncias, investigações, operações policiais, prisões, julgamentos e ações judiciais ainda em andamento, que estimulam o imaginário popular no sentido de questionar a integridade dos procedimentos adotados por essa instituição na fiscalização dos concursos”.
“Não é apenas a existência de fraudes fora do âmbito tecnológico e operacional da Caixa que está sob suspeição. Fraude nessa esfera já foi demonstrada recentemente pela Operação Desventura, deflagrada pela Polícia Federal no dia 10 de setembro de 2015. O esquema criminoso era operacionalizado com a ajuda de correntistas e gerentes da Caixa. Valores de prêmios não sacados eram retirados por meio de validação irregular de bilhetes falsos”, reclama Alvaro Dias.
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Projeto de lei
O parlamentar lembra ainda, no ofício à Caixa, que o Controle de Atividades Financeiras (Coaf) já havia identificado, em 2005, o fato de que algumas pessoas ganharam “centenas de vezes” em loterias organizadas pela Caixa, reforçando as evidências de fraudes nos sorteios. “O Ministério Público Federal e a Polícia Federal (inquérito policial nº 1-352) iniciaram investigações, cujos resultados ainda são desconhecidos. Em relação às medidas administrativas adotadas pela Caixa Econômica Federal, quais foram as providências tomadas?”, acrescenta o tucano, que subiu à tribuna do Plenário do Senado, nesta segunda-feira (30), para falar sobre a situação.
“A Caixa Econômica tem de conferir maior transparência nas ações que desenvolve administrando loterias, afinal, essas loterias fazem parte da vida de milhões de brasileiros, acalentam o sonho de melhorarem de vida, ganhando um prêmio da loteria. Muitas pessoas humildes, inclusive, pobres, com dificuldades financeiras inevitáveis, acabando aplicando recursos na esperança de que o sorteio de uma das loterias possa brindá-lo com um prêmio”, discursou o senador paranaense, autor de projeto que obriga, entre outras providências, o contemplado por prêmio de loteria a comprovar a origem do recurso de suas apostas.
Outro lado
Em e-mail encaminhado ao Congresso em Foco (leia a íntegra abaixo), a Caixa Econômica negou qualquer irregularidade nos procedimentos de sorteio e na divulgação de resultados. Entre outros pontos, a Caixa rebate a acusação de que existe algo errado no fato de que, em um primeiro momento, o site da Mega-Sena veiculou a informação de que o prêmio havia acumulado, para em seguida anunciar o vencedor.
“[…] exclusivamente na tela inicial das Loterias no site, houve atraso na atualização dos dados, o que manteve a palavra ‘acumulou’ referente ao sorteio anterior. No entanto, desde o primeiro momento, as informações sobre o referido concurso foram atualizadas normalmente na página específica da modalidade Mega-Sena e no aplicativo da Caixa para celular”, registra a instituição financeira.
“[…] os procedimentos de sorteio adotados pela Caixa estão em conformidade com as melhores práticas adotadas pelas maiores loterias do mundo e utilizam equipamentos importados produzidos por empresa francesa de notória especialização, adequados e projetados para utilização em unidades móveis de sorteio”, acrescenta a Caixa, informando ainda que o processo é fiscalizado por órgãos e agências como Tribunal de Contas da União (TCU), Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia (Inmetro) e Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf).
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