Transcrevemos a seguir alguns trechos da entrevista do senador Demóstenes Torres (DEM-GO) concedida à revista VEJA, edição 220 de 08/06/2011:
Veja- Por que a oposição não consegue impedir esse festival de medidas provisórias?
Senador- A oposição é a maior culpada por sua falta de articulação. Ela não se acostumou a não ser mais governo. Então, muito dos nossos parlamentares querem migrar para o governo a qualquer custo. No DEM, meu partido, vivemos uma crise imensa. Muitos parlamentares desertaram do partido, num ato que desonra a vocação que receberam nas urnas. Da mesma forma, o PSDB vive uma disputa entre os diretórios de Minas Gerais e São Paulo que se tornou maior que o próprio partido. A oposição se desorientou com o êxito popular do ultimo governo e acabou se acovardando. Ora, entre o original e a imitação, o eleitor certamente escolheria o original, e foi o que aconteceu nas ultimas eleições.
Veja – Como pode a oposição querer “parecer governo”?
Senador- Nossos candidatos passaram a defender algumas das principais bandeiras do governo, como a expansão do Bolsa Família. Além disso, negaram seu próprio legado, como as privatizações. Esqueceram de reafirmar que acreditamos na necessidade de amparar as camadas mais humildes da sociedade. Foi por essa razão que o DEM criou o Fundo de Combate a Pobreza em 2000, prorrogado indefinidamente por mim em 2009.
O DEM quis negar seu caráter conservador e liberal em vez de ressaltar que estas características são a melhor defesa do povo contra os desmandos do estado plenipotenciário. Apesar disso tudo, tivemos 44 milhões de votos. Esse número expressivo mostra que existe espaço para fazer oposição no Brasil, independentemente da popularidade do governo.
Veja- O que falta afinal, para a oposição agir como oposição?
Senador- Os partidos devem se fortalecer. Eu defendo a idéia de que o DEM deve abrir as porteiras e deixar sair quem não quiser mais cerrar fileiras conosco. Depois da debandada, temos que nos manter fiéis ao nosso ideário e descartar hipóteses absurdas como uma fusão com o PSDB. Os dois partidos tem origens muito diferentes. Até hoje temos visões antagônicas em determinados pontos. O que devemos fazer é nos aliar e prosseguir juntos.
Veja – Quais os impactos da criação do PSD para a sobrevivência do DEM?
Senador – Esse novo partido prejudicou muito o DEM. Perdemos políticos expressivos, como a senadora Kátia Abreu, que será uma grande adversária à medida que o PSD se alinhar ao governo. Mas não adianta ficarmos com lamúrias. Por que tentar segurar quem não quer permanecer? Quem quiser ir que vá embora. A maior traição que se pode cometer com o eleitor é ser eleito para integrar a oposição e migrar para a base governista. Vivemos um momento em que muitos políticos se intimidam diante da maioria e se tornam travestis políticos. Quando terminar este expurgo, temos de manter a unidade, ainda que em número reduzido, e largar bandeiras que não são nossas.
Leia a entrevista completa na revista VEJA
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