A Justiça Eleitoral e os partidos políticos estão preocupados com um possível aumento da abstenção do eleitorado neste segundo turno. Ambos prevêem uma queda no comparecimento às urnas por causa do feriadão, que para uma parte da população já teve início na quinta-feira, dia do servidor público – no qual não há expediente nos órgãos públicos – e, para a maioria, vai até a terça-feira, Dia de Finados.
No primeiro turno, a abstenção em todo o Brasil chegou a 18,1%. Na Bahia, foi de 21,5%). Nas eleições anteriores, a ausência cresceu em torno de 2,5 pontos percentuais entre o primeiro e o segundo turno.
O presidente do Tribunal Regional Eleitoral da Bahia (TRE-BA), Mário Alberto Hirs, ressalta que o índice de abstenção no Estado no primeiro turno manteve-se estável, mas admite um aumento da ausência nesta segunda etapa.
“A eleição está no meio do feriado. Isto é o problema. Conheço muitas pessoas que vão viajar, creio que isso aumentará um pouco a abstenção”, ponderou.
O governo federal já havia transferido, no final do ano passado, o feriado do servidor público para a segunda-feira, dia 1º. Entretanto, cabe aos Estados e municípios determinarem o dia em que seus funcionários gozarão esta folga.
O governo baiano, por exemplo, estabeleceu, em decreto de janeiro deste ano, que o dia do servidor público seria comemorado na última sexta-feira, 29, e que também não haverá expediente nesta segunda-feira.
Em outros Estados, como São Paulo e Rio de Janeiro, a transferência do feriado gerou até mesmo disputas políticas entre o PT e o PSDB, cada um tentando achar uma solução mais benéfica ao seu candidato.
Mesmo assim, a grande incógnita é quem será o candidato beneficiado com um possível aumento da abstenção. As teses são inúmeras.
Há quem diga que o eleitor de José Serra (PSDB) tende mais a viajar, já que possui uma maior renda, e por isso o tucano perderia votos. Outros dados, porém, apontam que historicamente, nas disputas em segundo turno, a abstenção cresceu mais no Nordeste, principal reduto eleitoral de Dilma Roussef (PT), o que a prejudicaria.
Apelos – Para garantir seus votos, os candidatos fizeram inúmeros apelos aos eleitores para que não faltem ao pleito. O presidente do PSDB baiano, Antônio Imbassahy, ressalta que Serra repetiu bastante este pedido nos seus programas do horário eleitoral gratuito. “Pedimos aos nossos prefeitos, militantes, aliados, que compareçam e estimulem também o comparecimento às urnas”, afirmou.
Imbassahy também admite a possibilidade de um aumento da abstenção porque no segundo turno não há mais disputa para o cargo de deputado. “Os candidatos a deputado estão mais próximos dos eleitores pelo interior e acabam dando um estímulo maior ao comparecimento”, analisou o tucano.
O presidente estadual do PT, Jonas Paulo, lembra que seu partido se juntou ao PSDB para solicitar ao Tribunal Superior Eleitoral a disponibilização de veículos que pudessem fazer o transporte de eleitores nos municípios, o que, na sua avaliação, deve ajudar a segurar o crescimento da abstenção.
Reduto petista – Jonas também ressalta que a forte polarização do pleito entre os dois candidatos tende a empolgar mais o eleitor. “Isso faz o cidadão ver a importância do voto para o destino do país”, afirmou o dirigente petista.
Ele acredita que o fluxo maior de pessoas em viagem neste feriado deve ocorrer no Sudeste, o que afetaria o candidato tucano. “As pessoas lá têm maior poder aquisitivo e viajam mais”, afirmou. Os dados da Justiça Eleitoral, entretanto, mostram que a abstenção costuma ser maior no Nordeste, reduto petista.
O cientista político Paulo Fábio Dantas ressalta que é normal uma abstenção maior no segundo turno, principalmente nos Estados onde a disputa é só presidencial. É o caso da Bahia, onde Jaques Wagner (PT) foi reeleito em primeiro turno.
“A eleição para deputado traz uma maior mobilização dos candidatos, amigos, familiares… Tudo isso diminui para o segundo turno, o empenho não é o mesmo e a eleição presidencial é mais distante”, analisou.
Paulo Fábio pondera que não é possível determinar se a abstenção vai chegar a favorecer um dos candidatos. “Depende muito, depende de quais Estados terão maior abstenção, e de muitos outros fatores. Só esperando o resultado para saber”, afirmou o pesquisador.
“Outro elemento que pode desmobilizar o eleitor é o resultado das últimas pesquisas, que estão dando vantagem a Dilma”, avaliou o também cientista político Joviniano Neto.
Ele ressalta, entretanto, que esse fato pode ser prejudicial a ambos: o eleitor de Dilma, achando que já ganhou, descarta a importância de seu voto, e o eleitor de Serra, acreditando que perderá a eleição, prefere nem se dar ao trabalho de votar.
Fonte: ATARDE ON LINE
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