Um velho ditado diz mais ou menos assim; “Em casa onde falta o pão, todos brigam e ninguém tem razão”. Cito de memória e, portanto, pode haver alguma divergência em relação ao dito popular original, mas o princípio é o mesmo e serve para explicar porque o comando da campanha de José Serra (PSDB) à Presidência da República começou a brigar em terras baianas, briga que resultou na substituição do nome de Antonio Imbassahy pelo de Murilo Leite como coordenador oficial das andanças do tucano na Bahia.
Na verdade, a aliança entre DEM e PSDB na Bahia sempre foi meio parecida com a relação do óleo com a água: os dois podem até ocupar o mesmo recipiente, mas não se misturam. Comandado por dois ex-aliados do grupo do falecido senador Antonio Carlos Magalhães – Jutahy Magalhães Júnior e Antonio Imbassahy -, o PSDB estadual guarda velhas mágoas do carlismo, hoje abrigado no DEM.
A coligação em torno da candidatura do PSDB para a Presidência da República foi o único caminho que restou para as duas legendas, especialmente para o DEM, sigla que surgiu a partir da tentativa meio desesperada do antigo PFL de manter-se à tona no naufrágio que sofreu nas eleições de 2006.
Na Bahia, os integrantes das duas legendas nunca se uniram de verdade, o que provocou uma situação ruim para ambos: o candidato a governador Paulo Souto (DEM) saiu a fazer campanha por um lado, sem ligar muito para a eleição do candidato a presidente, José Serra. E os tucanos baianos saíram às ruas tentando garantir a eleição dos seus candidatos a deputado (estaduais e federais), sem ligar muito para a eleição de Paulo Souto.
Caso as pesquisas de opinião estivessem sendo muito favoráveis a José Serra e a Paulo Souto não tenho dúvidas de que esses problemas de relacionamento estariam resolvidos, porque o que mais une a classe política brasileira é a perspectiva real do exercício do poder. Como ambos estão vendo seus índices minguando, cresce a briga pelas fatias que garantam a sobrevivência e, aí, parte-se para garantir o próprio espaço, sem ligar muito para os aliados.
A substituição, forçada pelo comando nacional dos tucanos em acordo com o DEM da Bahia, é uma tentativa de superar esses problemas de relacionamento. Será uma tarefa difícil, a não ser que o quadro eleitoral mude muito.
Análise do comentarista Paixão Barbosa – ATARDE ONLINE
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