Por: Carlos Chagas
Nem se prendessem a Dilma ficaria pior. Porque a prisão do Lula, filhos e dirigentes de empresas a ele ligadas equivaleu, na manhã de ontem, à maior das vergonhas jamais registradas no Brasil. Preso ele já tinha sido, mas com honra, por haver liderado greve geral de trabalhadores em pleno regime militar. Daí, porém, a ser levado à representação da Polícia Federal no aeroporto de Congonhas, para explicar os recursos entregues sem prestação de serviços ao Instituto Lula, é olímpica à distância. Provas de que um ex-presidente da República tenha se beneficiado por receber dinheiro de empreiteiras, jamais havia sido evidenciado. Nunca governantes jamais foram liberados para agir como se tivessem liberdade para fazer do país o seu quintal. A acusação é de que, a pretexto de palestras e conferências pretensiosamente pronunciadas por ele, chegou a faturar 20 milhões de reais.
A ser verdadeira a acusação, concluir-se-á não ter limites a desfaçatez com que se avança sobre a coisa pública. Não tarda a se conhecer os limites de até onde o Lula considerou como sua e de seus familiares a propriedade coletiva.
Conduzido à prisão, mesmo por poucas horas, o ex – presidente acaba de destroçar a imagem do partido um dia tido como a esperança da redenção nacional. Leva com ele os companheiros, os filhos, e os empresários envolvidos, mas, acima de tudo, apanha a sucessora. Madame não vale mais nada, como presidente da República. Mesmo que nada tenha a ver com as lambanças do antecessor, Dilma encontra-se umbilicalmente ligada a ele.
O espetáculo verificado no aeroporto de Congonhas, para onde o Lula foi levado, exigiu a presença da Polícia Militar de São Paulo. Não foi fácil evitar a confusão entre os militantes do PT, exasperados pela prisão do Lula, de um lado, e seus adversários, de outro. O grave foi e ainda é o choque.
Há quem suponha que essa inusitada ação da Polícia Federal se deu à demissão do ministro da Justiça, por muitos meses acusado pela oposição de não conter o ímpeto da Polícia Federal contra o PT. Assim, o novo ministro teria decidido avançar sobre o partido, para demonstrar que não se intimida. (publicação do diariodopoder)
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