Por: João de Tidinha
A “vergonha alheia” é um sentimento que nos invade quando testemunhamos ações que deveriam causar indignação, mas que, infelizmente, se tornaram corriqueiras. É um misto de constrangimento e desapontamento diante da apatia que parece ter tomado conta da sociedade frente aos malfeitos, à corrupção e ao descaso com a coisa pública.
Por muito tempo, a corrupção era algo que gerava revolta, protestos e uma busca incessante por justiça. As manchetes que denunciavam esquemas fraudulentos, desvios de verbas e abusos de poder eram suficientes para mobilizar a população, exigindo respostas e mudanças.
Hoje, porém, parece que esses escândalos perderam a capacidade de indignar. Tornaram-se, para muitos, apenas mais um capítulo de uma novela que se arrasta sem desfecho.
Essa naturalização da corrupção é preocupante. Quando a sociedade aceita passivamente o desrespeito às leis e aos princípios éticos, abre-se espaço para a perpetuação desses comportamentos. A indignação que outrora movia montanhas, agora é substituída pela conformidade. Os atos de corrupção não mais surpreendem, e isso é o que mais assusta.
É triste constatar que apenas aqueles que ainda prezam pela ética, pela honestidade e pelos bons princípios se sintam tocados por esse cenário. Esses indivíduos, que ainda acreditam na possibilidade de um sistema justo e transparente, sofrem ao ver a banalização dos crimes. contra a coisa pública. Sentem vergonha não só pelos atos em si, mas também pela indiferença dos demais.
Para reverter essa situação, é fundamental que a sociedade recupere a capacidade de se indignar. Precisamos relembrar que a ética e a honestidade são pilares imprescindíveis para a construção de uma sociedade justa e próspera. A apatia é um terreno fértil para que os malfeitos continuem acontecendo impunemente.
É hora de despertar a consciência coletiva, valorizar os bons exemplos e exigir transparência e responsabilidade daqueles que ocupam cargos públicos. Somente assim poderemos transformar a “vergonha alheia” em um sentimento de orgulho por viver em uma sociedade que não tolera a corrupção e que luta incansavelmente por um futuro melhor.
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