Viva a oposição euclidense!

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Por: Ismael Abreu

Temos visto aqui no nosso Município reações duras da prefeita Fátima Nunes e do seu marido, o deputado José Nunes, em relação aos seus opositores.

A prefeita afirmou numa entrevista que a oposição local em nada contribui para o desenvolvimento do Município. Segundo ela, “Alguns são contumazes e radicais; outros navegam ao sabor das ondas e do oportunismo; e outros se sustentam tentando transformar coisas sem importância em fatos relevantes quando o interesse é fazer oposição por oposição.”

Por sua vez, ao deputado José Nunes vem sendo atribuído a responsabilidade pela demissão do locutor Wilson Vitor da Rádio AM, em função das suas criticas a gestão da prefeita.

Devemos lembrar que a proteção ao exercício do direito de oposição qualifica-se como uma das funções de um Estado Democrático. É assegurado a todo cidadão os direitos fundamentais previsto na nossa Constituição Federal, como o da livre manifestação do pensamento, o da liberdade de opinião, da livre associação, além de outros direitos de natureza política.

Algumas posturas são essenciais em qualquer político. A capacidade de dialogar, por exemplo, é característica fundamental. Sem debate e enfrentamento de idéias, governar – ou legislar – torna-se uma ação ditatorial, características dos antigos imperadores e dos ditadores. A oposição, de ações e de idéias, é o cerne da democracia.

A discordância fundamentada e o contraditório produtivo sempre são colaborações valiosas. Infelizmente, alguns governantes demonstram completa incapacidade de dialogar e de ouvir o contraditório. Preferem atropelar a vontade da população e tentar eliminar as oposições. Eles tratam seus opositores como inimigos e seus aliados como subalternos.
O papel da oposição é fundamental e de grande importância para o desenvolvimento do Município. A oposição deve questionar certezas consideradas irrefutáveis e a partir do embate de idéias, propor o melhor caminho para a coletividade.

Segundo o famoso escritor Nelson Rodrigues, “toda unanimidade é burra”. De fato, a unanimidade só pode existir por dois fatores: Pela concordância cega ou pelo silêncio dos críticos. Onde há Concordância cega, predomina a burrice; e, onde há o silêncio, certamente predomina o medo de se fazer oposição.

A unanimidade traduzida como ausência de questionamentos é muito perigosa para a democracia. Para uma instituição pública, a ausência de questionamento seja internamente, pela sociedade ou pela imprensa é extremamente danosa, pois permite que decisões sejam tomadas sem a devida reflexão, muitas vezes por meros caprichos pessoais que não refletem o interesse público.

Além disso, ainda permite comportamentos equivocados por parte de administradores, uma vez que, diante da ausência da crítica, impera-se a falsa idéia de que nada está errado.

Viva a oposição euclidense!

 

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