Nesta campanha eleitoral, classificada como a mais cara da história por parte de alguns candidatos da disputa proporcional (deputados federais e estaduais), ficou patente que já não existe quem possa querer se eleger deputado apenas com base no seu passado, nos seus princípios éticos e políticos, na imagem que forjou ao longo de uma vida trabalhando pelo bem público. O que realmente valeu foi o poder do dinheiro ou o poder da máquina (e aí falo de máquinas de governo, de prefeituras e até de sindicatos) e, principalmente, estes dois “poderes” juntos.
Exemplos nós tivemos da frustração dos candidatos que apostaram no debate de questões políticas e de cidadania ou que passaram a campanha procurando convencer os eleitores de que seus mandatos seriam de luta na defesa dos interesses da sociedade. Ou que fizeram questão de destacar a coerência de sua trajetória política, confiando na fidelidade dos cabos eleitorais ou das comunidades que defenderam. Todos esses dançaram.
O que se viu foi a súbita “força” eleitoral de desconhecidos, de recém saídos de cargos administrativos, de herdeiros bancados por pais também em campanhas infladas por muito dinheiro ou de candidatos que passaram quatro anos trabalhando pela reeleição. E, antes que vejam nas minhas palavras qualquer viés ideológico, esclareço que isto foi visto e sentido na direta, na esquerda, na centro-direita e na centro-esquerda (se é que ainda existem tantas nuances ideológicas neste País).
É muito provável que existam outros, mas quero citar cinco exemplos que podem abranger todas essas correntes de pensamento e que são emblemáticos de nomes que, na minha opinião, foram derrotados nas urnas por conta da fragilidade do voto de opinião. Lembro aqui de Emiliano José (PT), Domingos Leonelli (PSB), João Almeida (PSDB), os três candidatos à Cãmara Federal. E, para a Assembleia Legislativa, cito Heraldo Rocha (DEM) e Hilton Coelho (PSOL).
Cinco postulantes que, cada um à sua maneira e baseados em seus princípios e em suas histórias, deixaram de ser eleitos graças ao definhamento dos votos de opinião. Uns deles com campanhas mais robustas financeiramente outras sem dinheiro nenhum, mas todos tendo em comum a aposta no voto de opinião, ideológico, cidadão.
Houve tempo em que se dizia: “Fulano vai se eleger sem sair de casa”. E Fulano era eleito. Bastava que seus amigos, os amigos dos amigos e as comunidades que o conheciam soubessem que ele era candidato (ou candidata).
Atualmente, como comprovou esta eleição, “Fulano” seria obrigado a gastar para fazer milhares (e milhares) de placas, cartazes, bandeiras e investir alto na publicidade. Além de, e isto tem se mostrado essencial, reservar alguns milhões para contratar gente, muita gente. Para fazer boca-de-urna, distribuir santinhos e garantir os votos dos parentes e amigos dos contratados.
Sem isto, podem ter certeza, “Fulano” também dançaria. E a representação política ficaria mais pobre, como tem ficado a cada eleição que se passa.
Análise do comentarista Paixão Barbosa- ATARDE ONLINE
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